Construção Sustentável: Muito mais que um selo verde
A dinâmica do processo de consumo consciente não é uma ideologia contemporânea ou um pensamento de uma das gerações XYZ. Também está longe de ser uma proposição política ou ainda uma estratégia de marketing de um segmento em ascensão. A construção sustentável é antes de tudo a visualização real daquilo que é possível ser mais produtivo, eficiente e menos impactante ao meio ambiente, as pessoas e as empresas.
Uma grande incógnita, principalmente para empreendedores, é a de que a eminente rotulagem de um empreendimento com um “selo verde” não traria benefícios econômicos de imediato a empresa. Outra crença é que as boas práticas de gerenciamento de processos, energia, materiais e relações humanas dentro dos projetos, já são efetivadas pelos seus empreendedores e gestores, sendo assim pouco seriam os benefícios agregados aos empreendimentos com certificação ambiental.
No entanto, muito pouco das boas práticas promovidas pelas grandes empresas do setor é a realidade de toda a cadeia circular que está inserida a construção civil. Os fornecedores não estão adequados a todas as normas vigentes de qualidade, segurança e meio ambiente. As construtoras e incorporadoras não possuem aparato técnico suficiente para dominar todos os parâmetros e diretrizes para o correto acompanhamento dos quesitos de uma certificação, e por fim as consultorias nem sempre tem um conhecimento apropriado da cultura local, dos receios e contratempos do mercado e principalmente não conseguem demonstrar uma clareza nos aspectos tangentes aos retornos econômicos das certificações ambientais.
Um possível adendo para o desenvolvimento das construções sustentáveis em todo o Brasil é boa relação estabelecida entre qualidade, produtividade e retorno de vendas. Como já é notório, a sociedade está amparada cada vez mais em atitudes sustentáveis. Da mesma forma que a população busca produtos com um menor teor de aditivos e produtos químicos em sua composição, também é crescente a procura por espaços menos agressivos ao meio ambiente, com um menor custo de operação e que sintetizem as atitudes coerentes de uma sociedade mais consciente.
Os empreendimentos estão cada vez mais valorizados e agregando valor em espaços diferenciados, materiais e serviços utilizados. No entanto, mesmo que o cliente tenha possibilidades financeiras para adquirir um imóvel acima de 1 milhão, com certeza ele terá mais empatia com o empreendimento ao economizar cerca de R$ 300,00 no seu condomínio mensalmente por todo seu ciclo de vida. Esse é um dos melhores retornos de um empreendimento sustentável. Os gastos são reduzidos a partir da diminuição do consumo de água (que gira em torno de 40%), do consumo de energia elétrica (30%) e a redução da produção de resíduos (que atinge 70%).
Estima-se que a venda de um imóvel certificado é cerca de 15% mais rápida que um edifício sem certificação ou ainda que tenha em seu processo boas práticas ambientais. Quando este imóvel é revendido esses números aumentam porque a valorização da operação do edifício é um dos fatores preponderantes para o sucesso do negócio. Associado a isso, a marca de qualidade, responsabilidade, pioneirismo e inovação não se restringe ao empreendimento em si, mas extrapola para a valorização da empresa que obtém um selo ambiental.
Aparentemente o brasileiro é um povo que precisa ver para crer. As mudanças no mundo corporativo são baseadas nos ensaios europeus, americanos e agora asiáticos, e posteriormente, são vislumbrados aqui. Entretanto o mercado da construção civil não é medido com uma régua de 12 meses. Um período para nosso setor são em média 5 a 6anos. Ao passo que um projeto sustentável e certificado em nossa região está ainda na visão distante do é no mercado internacional. Em cidades como São Paulo já são uma realidade e o Brasil já postula como 4º país em número de edificações certificadas.
Então qual o diferencial de ser o primeiro, de estar à frente na sua região e mudar o paradigma do que é feito hoje? A resposta é responsabilidade. Econômica, primeiramente, com a redução de custos operacionais e valorização da marca e do imóvel. Ambiental com minimização de impactos gerados pelo próprio empreendimento, e por fim social por agregar qualificação profissional, aumentar a renda do trabalhador, proporcionar mais qualidade de vida no entorno e no próprio empreendimento.
por Gian Franco Werner
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